sábado, 2 de julho de 2011

MARTIRES POR CAUSA DA JUSTIÇA



 
''Felizes os perseguidos por causa Justiça, deles é o Reino dos céus.'' (Mt 5,10)
As últimas décadas do século XX foram enriquecidas pelos mártires que sofreram e morreram por causa da justiça e da paz, de modo especial no Brasil e na América latina. A situação de injustiça no mundo rural e urbano, as ditaduras militares, a falta de terra, a opressão sobre os índios..., desencadeou um profetismo original: ver o rosto de Jesus no injustiçado, optar por ele e por ele dar a vida. Essa opção evangélica tem feito muitos mártires: bispos, religiosos e leigos que derramaram o sangue por causa dos pobres, os preferidos de Deus.
De certa maneira poderíamos também afirmar que todas as pessoas que derramam o seu sangue por uma causa justa, pelo bem da humanidade, em sentido amplo são também mártires, pois eles também sofrem morte injusta como Jesus no calvário.
No dia 15 de junho a poucos metros do posto policial de Serra do Mel - RN aconteceu o brutal assassinato do jovem Edinaldo Filgueira.
Iremos agora confrontar as causas que levaram o assassinato do Edinaldo e tirar algumas conclusões a luz do Evangelho.
Jesus se apresenta como aquele que vem realizar as esperanças do povo, suscitadas e alimentadas, ao longo dos séculos, pelos profetas. Ele se apresenta como o Messias-Servidor que vem libertar e reintegrar os marginalizados. Ele convive, a maior parte de seu tempo com aqueles que não tinham lugar dentro do sistema social existente: os publicanos, os leprosos, as prostitutas, o povo humilde, os samaritanos, os famintos, os cegos, os coxos, os possuídos, os estrangeiros, os mendigos, os pescadores, os zelotes.
Jesus vive livre, passa a não depender mais da família consciente de sua independência desde a adolescência Jesus não se liga a nenhuma associação, a nenhum partido. Não se submete ás escolas dos escribas, não é proprietário. Jesus nada pediu aos ricos, nem ás autoridades: nem licença, nem apoio, nem colaboração. Não teve necessidade dos poderosos. Sem dúvida, como sempre, essa foi para eles a maior ofensa, o que mais feriu: mostrou que não precisava deles. Visita ricos, fariseus, pessoas notáveis: sem lhes pedir ajuda. Recebe a um homem tão importante como Nicodemos: não lhe pede apoio, nem uma intervenção favorável que poderia ajudá-lo no processo instaurado no sinédrio. Estas atitudes bem concretas de Jesus representam um perigo muito grande para o sistema dos judeus pois  por outro lado, Jesus acolhe os imorais, os marginalizados, os hereges, os colaboradores dos Romanos , os fracos, pobres, os pagãos, os marginalizados. A opção de Jesus é muito clara. Dá para entender sua opção. Também o convite é claro: não é possível ser amigo de Jesus e continuar a apoiar o sistema que marginaliza tanta gente. O povo dos pobres logo percebeu a novidade. Acolheu Jesus e disse: Um novo ensinamento dado com autoridade bem diferente dos escribas e fariseus.
A luta de Jesus não vai diretamente contra as autoridades sociais, nem contra as autoridades judaicas, nem contra as autoridades romanas. À primeira vista é
Apenas uma luta contra um partido religioso, contra uma interpretação da religião.
Porém as autoridades percebem muito bem que essa interpretação de Jesus não é uma opinião de uma nova escola rabínica, uma entre muitas.
Adivinham que esta nova interpretação questiona a sociedade inteira. Eles não estão dispostos a deixar que a sociedade por eles organizada seja questionada.
Os escrúpulos dos fariseus não os comovem muito. Mas a posição de liberdade, e a proclamação de liberdade do povo de Israel pregada por Jesus constituíram para eles uma enorme ameaça. Daí a preocupação das autoridades: Jesus é o mais perigoso subversivo de todos os revolucionários e terá que ser eliminado.
Depois de entender um pouco mais quem é Jesus e as causas de sua morte, comparando-as às que nos parecem ser que motivaram a morte de Edinaldo podemos afirmar que tem uma certa cemelhança entre elas, Jesus e Edinaldo, ambos mexeram com as autoridades. Ele, com suas denuncias, que fez o que iria fazer estava em rota de colizão com o sistema dominante e chegou ao dia que algo que não sabemos ainda bem o que é deve ter levado ao triste desfexo final.
Esperamos que este sangue derramado em Serra do Mel fecunde a semente que foi lançada nesta terra por uma causa justa e produza muitos frutos de justiça e liberdade, trazendo dias melhores para implatar uma sociedade construida a partir dos pequenos e mais pobres e nunca mais apartir dos intersses dos privilegiados que se mantém no poder atravéz da implantação do medo geral e da violência.
E para concluir, agora nós nos perguntamos:

  • Jesus se colocou do lado do povo sofrido e marginalizado, sempre defendendo os pobres, e nós em que lado ficamos?
 
  • Iremos ficar do lado de Jesus, apesar de sermos perseguidos, ou ao lado dos poderosos, tranquilos, seguros e bem  recompensados?

  • O Cristão que segue o caminho de Jesus de Nazaré pode fexar os olhos, os ouvidos e a boca diante da corrupção, do abuso de poder e da oprssão em cima dos pequenos?