Quando os navegadores portugueses
encontraram o estuário do rio Potenji, acabaram por batizar a capitania
hereditária com o nome de Rio Grande do Norte. É um fato curioso e irônico,
tendo em vista que em quase toda sua extensão o rio é tímido e acanhado, pouco
caudaloso e até mesmo temporário, tendo real vigor somente no encontro com as
águas do mar que invadem o continente.
Tal e qual os navegantes foram
iludidos pela miragem de um grande rio que em real e concreto é apenas um
riacho, as instituições republicanas dão hoje em dia a impressão que vive-se em
um estado democrático de direito. Mas a nossa justiça apenas funciona para
ladrões de galinha e pretos, pobres, traficantes pés de chinelo. Tendo
dinheiro, estando no poder, se inocenta ou se prescreve – é a ilusão democrática.
Na Capitania do Rio Pequeno do
Norte a liberdade de comunicação acaba nas armas em mãos de homens ferozes,
quadrilhas de pistoleiros que refletem um moderno cangaço de aluguel. Nas
últimas estações dois jornalistas foram assassinados nestas paragens, lembra a ANJ, enquanto em todo o Brasil este
número foi de cinco. Talvez o órgão patronal não tenha dado conta que os
jornalistas mortos no Rio Pequeno do Norte não serviam às empresas
corporativas, eram independentes.
Foram eles F. Gomes e Edinaldo
Filgueira, além de jornalistas, blogueiros, que desafiavam o sistema
coronelista, que denunciavam a macro estrutura criminosa e que em idêntica
condição foram assassinados por um grupo de pistoleiros vindos em motos, e a
bala, na frente do local de trabalho, encomenda cumprida.
Destarte, as empresas
corporativas em suas negociações trabalhistas com o sindicato dos jornalistas
humilham a classe,sendo o Rio Pequeno do Norte o estado em que o menor piso
salarial é pago aos trabalhadores da comunicação. Trabalhadores
estes que em seu ofício recebem ameaças da própria polícia, como no caso da fotógrafa Ana Amaral, ameaçada por um PM
que apontou uma arma para a sua cabeça enquanto a jornalista cumpria o seu
ofício.
Saibam todos que no Rio Pequeno
do Norte o prefeito Josivan Bibiano, preso como mandante do assassinato
de Edinaldo Filgueira acaba de receber um habeas
corpus do Tribunal de Justiça do Rio Pequeno do Norte.
Sejam todos bem vindos ao Rio
Pequeno do Norte, terra de lindos sítios, povo acolhedor e hospitaleiro. Mas
tomem todos os devidos cuidados com que se diz, se escreve, se bloga. O Rio
Pequeno do Norte é um dos Estados da ilusão democrática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário